segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pouco temos para cantar

Há muito tempo que não escrevo nada nesta página. Agora com o relatório entregue e a preparar-me para escrever a dissertação, sempre há tempo para ir escrevendo qualquer coisa.
Esta é uma música recente, que fala de desgostos e de amores desencontrados e chama-se "Pouco temos para cantar".

Um leve desconforto

Sussurra ao ouvido

Num temido reencontro

De conversa sem sentido.


Em cima da mesa

Os restos da refeição

Relembram a incerteza

Do que foi outrora opção.


O vinho entornado

Realça a ironia

De um discurso marcado

P’la saudade e nostalgia.


Entre sobremesas e licores

Escapam-se segredos e confissões

A surpresa dos sabores

De sentimentos e paixões.


Refrão:

Desencontrados, talvez,

No meio desta canção

Sem princípio nem fim,

A saltar o refrão.


O falsete na tua voz,

A guitarra a trastejar

Vão gritando que nós

Pouco temos para cantar.


Entre o café e um bombom

Cresce o receio e o embaraço,

No silêncio ouve-se o som

De quem teme dar o primeiro passo.


Perdidos nesta atmosfera

De emoções a destoar

Prolongamos demais a espera

E damos por nós ao luar


Numa noite de verão

Com brisa de inverno

Que atormenta o coração

Qual chama de inferno.


No meio desse calor

Vai-se o frio da amargura

Desse desgosto de amor,

Mas é sol de pouca dura…

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Recortes Lacobrigenses

Já há muito tempo que não escrevo aqui.
A introdução a este poema já eu a fiz num post anterior, por isso não me vou alargar muito. Apenas constato o que já refiro no título: é dedicado à cidade de Lagos. Também é a minha primeira música que começa a ganhar forma e a sair do papel.
Espero que gostem.

Na avenida que debaixo de água cresceu,
A muralha ao fundo com a janela do apogeu.
Cidade que ao mar foi buscar seu encanto,
Um tesouro escondido em cada recanto

Nas rochas segredos que só o pescador vê,
Por mais que tente o sábio os lê.
As grutas têm magias por deslumbrar
E apenas se revelam a quem souber escutar.

Na praia, escondidas, crescem paixões de rompante,
Alimentam-se amores que só duram um instante.
Tal como o Infante, que o horizonte observa,
Anseiam-se descobertas que o futuro reserva.

E o Sebastião que não nos passa cartão,
Impávido e sereno no seu invólucro de betão,
Lá nos tenta dar a mão mas adia o seu regresso
Até ao momento certo para trazer um pouco de luz
A um destino encoberto, que, pela cor do céu,
Diria que está perto.