Um leve desconforto
Sussurra ao ouvido
Num temido reencontro
De conversa sem sentido.
Em cima da mesa
Os restos da refeição
Relembram a incerteza
Do que foi outrora opção.
O vinho entornado
Realça a ironia
De um discurso marcado
P’la saudade e nostalgia.
Entre sobremesas e licores
Escapam-se segredos e confissões
A surpresa dos sabores
De sentimentos e paixões.
Refrão:
Desencontrados, talvez,
No meio desta canção
Sem princípio nem fim,
A saltar o refrão.
O falsete na tua voz,
A guitarra a trastejar
Vão gritando que nós
Pouco temos para cantar.
Entre o café e um bombom
Cresce o receio e o embaraço,
No silêncio ouve-se o som
De quem teme dar o primeiro passo.
Perdidos nesta atmosfera
De emoções a destoar
Prolongamos demais a espera
E damos por nós ao luar
Numa noite de verão
Com brisa de inverno
Que atormenta o coração
Qual chama de inferno.
No meio desse calor
Vai-se o frio da amargura
Desse desgosto de amor,
Mas é sol de pouca dura…